sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

SONHOS, CANSAÇO E MESMICE

Chega um momento na vida, não de todo mundo, eu digo, que os sonhos começam a envelhecer, tal qual a folhagem de uma árvore com as raízes podres, carcomidas pelas formigas do destino. Você não sabia? Os sonhos envelhecem, sim... Envelhecem e muitas vezes somem de nossas mentes cansadas das batalhas do dia, das batalhas da vida. A luta intensa pelo pão de cada dia nos faz definhar, como nossos sonhos, como a árvore de nossa existência. Pouco me importa se alguns analisam essas linhas como um texto depressivo ou desesperançoso, pouco importa... Na realidade, nenhum parecer destas pessoas mudará a verdade embutida nestas palavras.
Nossos sonhos atrofiam quando nos cansamos de perseguí-los, eles envelhecem quando não temos mais tempo para pensar neles. Morrem, quando os enterramos na constatação que só perdemos tempo lutando por eles. Não falo de sonhos grandiosos e utópicos, não! Falo de sonhos simples, como trabalhar em algo que você realmente gosta e sente prazer em fazer, nos horários em que você escolhe para fazer, tendo tempo para realizar outras tarefas prazerosas junto à sua família, filhos, até o cachorro! Porém, não é isso que acontece. Muitos não buscam nem mais o sucesso profissional, mas apenas a sobrevivência diária, e isso é muito cansativo! Nossas mentes, nossas vidas, nossas almas! Tudo que faz parte de nosso viver fica comprometido pela triste certeza que não vivemos, apenas trabalhamos, dormimos, fazemos sexo e dormimos... Apenas passamos um período chamado “chronos” (tempo) sobre a terra, antes de virarmos pó. Esse é o resumo da vida de milhões e milhões de pessoas.
A conclusão a que chegamos é que durante muitas horas do dia fazemos o que somos obrigados a fazer e em algumas raríssimas outras horas fazemos o que gostamos de fazer. Essa relação “custo x benefício” é injusta e sempre tende para o lado do custo, pois o benefício é somente a ilusória certeza de não nos tornarmos mendigos diante de uma sociedade capitalista e consumidora na sua essência. Para esta sociedade, pouco importam os meus sonhos, desde que eles sejam sobre adquirir um dos produtos que estão na moda e fazer a economia girar. Seu sonho é um carro? Uma casa? Um computador de última geração? Ótimo, parcele, faça um financiamento ou um consórcio!
Porém existem sonhos que não podem ser materializados num celular novo ou num automóvel... Muitos sonhos que já envelheceram e morreram eram apenas “tempo para viver a vida”. Tempo para ler um bom livro, conversar com a família, com os amigos, descansar durante a semana, ir a uma praia, ter mais tempo para conversar com o Criador do universo, meditar, acompanhar o crescimento dos filhos, dá-lhes a educação necessária, levá-los à praça, ao clube. Ter tempo para ajudar as pessoas, ser mais atencioso com o próximo, escutar a aflição e os problemas de alguém que precisa de conselhos........................... nada disso temos. Apenas a correria do dia-a-dia, transformando-nos em pessoas carrancudas, mau-humoradas, impacientes, sem tempo e estressadas, pois a busca pelo “ter” é mais importante (ou mais necessária) do que a busca pelo “ser”.
“Louco, esta noite pedirão a tua alma, e o que tens preparado, para quem será?”
No fundo, no fundo, Salomão, em um de seus momentos de sabedoria, estava certo: tudo é vaidade... O pior é que temos que conviver com isso, pois não há como voltar à tranqüilidade do Paraíso Bíblico......... preciso findar essas linhas, pois tenho muitos relatórios para preencher, muitos e-mails para responder e diversos documentos para assinar...

C. S.Brito
06.02.2009