quinta-feira, 30 de setembro de 2010

AS CARTAS DE DEUS - Primeira Carta

Amados filhos e amadas criaturas feitas por mim. Sei que parece estranho Eu enviar uma carta para a humanidade, mas, devido a todos os acontecimentos dos últimos dois mil e poucos anos terrestres, entendo que seria a maneira mais fácil de me aproximar de todos vocês, já que, na última vez que tentei fazer isso de maneira mais “humana”, meu Filho Unigênito foi crucificado em Jerusalém, demonstrando que na verdade o mundo não me queria, pelo menos naquele momento da história. Por isso, fiquei pensando por algum tempo... quero dizer, algum tempo se usarmos o padrão humano de tempo, como horas, minutos e segundos...uma vez que para mim essa contagem não existe... Sei que uma carta não é algo assim tão espetacular quanto abrir o mar ou transformar as águas do Nilo em sangue ou ainda fazer as muralhas de Jericó irem ao chão. Bem que Eu poderia gravar minhas palavras na pedra, com letras talhadas pelo fogo de raios, como fiz com Moisés no monte Sinai, mas, como Eu tenho muito mais pra falar do que apenas Dez Mandamentos, ficaria um pouco difícil pra vocês empilharem tantas tábuas de pedra, não é mesmo? Então, pensei por um bilionésimo de segundo, na melhor maneira de me fazer entender por todos que tivessem acesso a estas linhas. Por isso é que tive todo o cuidado de escrever em uma linguagem universal, desconhecida da humanidade, mas com o poder de, quando apreciada pelos olhos humanos, mesmo dos chamados analfabetos, fazer-se entendível em qualquer idioma conhecido sobre a Terra. Em qualquer esquina do planeta minhas palavras serão entendidas e absorvidas. Então podem considerar como um milagre mesmo, afinal, eu tenho longa experiência em fazer muitos deles. E por falar em Terra, deixe-me começar a falar dela e de todos os zilhões e zilhões de outros corpos celestes existentes nos milhares de, como vocês chamam, “universos”. Pois é, entre tantas centenas de astros Eu resolvi, do nada, criar tudo. Podem chamar de “Big Ben” mesmo, não me importo. Porém, aconteceu porque Eu assim resolvi que aconteceria, minha explosão silenciosa, pois lembrem que no espaço não há oxigênio para produzir aquelas explosões dos filmes que vocês adoram assistir. E depois de incontáveis “tempos” fui permitindo que a matéria que Eu havia criado fosse se ajustando, até formar conjuntos de astros, com órbitas próprias, com gravidade, girando sempre ao redor de um astro comburente, que, diga-se de passagem, existem muitos por essa infinidade de espaço. Vocês chamam o seu de Sol, mas ele tem muitos irmãos, maiores e menores, mas vocês não precisam conhecer a fundo estes outros, não....gastem melhor os bilhões de dólares que utilizam nestas pesquisas espaciais para alimentar os miseráveis famintos do planeta que Eu dei como presente para vocês! Pra quê saber se existe água em Marte se na Terra existe tanta gente com sede nos lugares áridos dos países? Pra que saber se existe vida em algum outro planeta se existem tantos sendo entregues à morte na África todos os dias terrestres? Pra quê saber se Eu criei outros seres inteligentes além de vocês? Vocês não conseguem tomar conta de um único planeta com a inteligência que tem, que diremos tomar conta de mais um ou dois? Afinal, cuidar dos necessitados não é tarefa minha, é tarefa daqueles a quem eu concedi riquezas materiais, mas mesmo assim eu cuido muitas vezes por misericórdia. E aqui não falo em pessoas ricas, mas em países, nações ricas! Pensam que os miseráveis e pobres são de minha responsabilidade? Estão enganados, não são não. Eles estão nessa situação por culpa dos homens, não por minha culpa. Meus planos eram os melhores possíveis para todos vocês. Eu coloquei seus pais no “Paraíso”, literalmente falando. Lá tinha tudo para todos, mesmos para os que fossem gerados até hoje. Ninguém precisaria se preocupar com a comida, com a bebida, com roupas ou com a morte. Ninguém precisaria de endocrinologistas, de terapeutas, de nutrólogos, ninguém morreria de stress, ninguém ficaria obeso ou com vergonha do próprio corpo, ninguém seria vítima de “bala perdida” ou morreria atropelado por um bêbado sem carteira dirigindo na contra-mão.....não...ali todos seriam felizes, apenas Me adorando, Me amando e sendo amados por Mim. Bom, não preciso continuar essa parte da história porque todo mundo já sabe a tolice que Adão e Eva fizeram ao dar ouvidos à serpente, não é?
O resultado foi desastroso... mas, como Eu também dei o livre-arbítrio para todos, tiveram em suas mãos o poder de escolher: Me amar, Me esnobar, Me rejeitar, até Me odiar...mas, na verdade, as opções só são duas: quem não é por mim é contra mim. Neste aspecto sou muito radical. Não tem meio termo, ou Me querem ou não Me querem. O problema é que muitos de vocês só me querem por perto quando estão passando por problemas ou necessidade. Na hora do desespero até os ditos ateus se lembram de mim. Mas no restante de suas vidas me querem bem distante, para não opinar ou aconselhar ninguém conforme aquilo que EU sei que sempre foi o melhor para todos.
Bem, como Eu disse no início, vou me ater aos últimos dois mil e poucos anos terrestres, pois sei que a grande maioria de vocês, devido ao corre-corre do dia-a-dia, não teria tempo para ler muitas páginas, mesmo que escritas por Deus. Afinal, a novela deve começar daqui à pouco, ou vai ter que levar o filho para a natação, ou, quem sabe, está na hora de ir à academia (volto a dizer: no Paraíso vocês não precisariam disso...). Desde que meu Filho foi crucificado em Jerusalém, muitas coisas, boas e ruins, aconteceram. Entre as boas, a palavra de salvação começou a ganhar o mundo através dos discípulos e apóstolos que foram cheios do Meu Santo Espírito e começaram a correr por todos os lugares, fazendo cada vez mais discípulos e seguidores da Palavra. Pessoas mudavam seus estilos de vida, abandonavam suas vidas erradas e tinham um verdadeiro encontro com a Verdade. Mesmo perseguidos, continuavam fiéis, muitos morrendo em nome do meu Filho. Os chamados “cristãos” iam crescendo em número por todo o mundo conhecido na época, apesar das perseguições e torturas recebidas por aqueles que não negavam o meu nome. Tudo estava correndo, digamos, sob controle... até que uma de minhas criaturas, o imperador Constantino, por interesses pessoais, teve a idéia de transformar a crença livre e pura dos cristãos numa religião ..e ainda mais! Transformou aquela crença na religião oficial de seu império! Religião.....agora, Eu pergunto: quem foi que disse que mandei Meu Filho ao mundo para fundar uma religião?! Eu o mandei com o propósito de salvar a humanidade do Pecado Original, aquele que o paizão Adão cometeu junto com Eva, que separou os homens da minha presença! Mandei Meu Filho para ser um anunciador de uma vida feliz e abundante, de amor, de perdão, para que o homem conseguisse viver em harmonia com o seu próximo, visitando as viúvas, dando assistência aos órfãos, praticando a justiça e a verdade! Não o mandei para fundar nenhuma religião! Mas, tudo bem...se precisavam chamar de religião, “fazer o quê?”. Mas acharam pouco e cresceram os olhos para o comércio, para a usura, para o lucro! Nessa brincadeira transformaram a religião em estandarte das Cruzadas, e em Meu Nome e em Nome de Meu Filho, massacraram, dizimaram, violentaram e humilharam milhares de outros seres humanos, de crença e cultura diferentes, fazendo com que ambos, cristãos e muçulmanos, se odiassem até o dia terrestre de hoje. Onde os líderes cristãos estavam com a cabeça?! Achavam realmente que Meu Filho, que repreendeu a violência de seu discípulo Pedro ao cortar a orelha de Malco e que mandou vocês amarem seus inimigos, iria concordar com toda a carnificina que tornou aqueles dias em terror?! Se Eu não fosse Deus, ficaria surpreso com isso... mas, como tenho a onisciência a meu favor, fica mais fácil de entender porque vocês fazem determinadas escolhas para suas vidas. Fico contemplando as atitudes de algumas de minhas criaturas através de suas histórias e percebo como a inteligência e o raciocínio que dei a cada um, por vezes, não são colocados em funcionamento. Vejam só, há algum tempo atrás, Alexandre, chamado “O Grande” (muita presunção, não?) conquistou tudo que poderia ser conquistado, recebeu até o título de filho dos deuses no Egito, igualando-se aos faraós. O que aconteceu a ele? Hã? Alguém lembra? Eu digo.... passou mal e morreu. Simplesmente, morreu. Eu não o matei, como fiz com vários no passado, mas apenas permiti que a morte o abraçasse, para mostrar a todos, principalmente a ele, que ele não passava de carne e ossos, sangue e água. Um grão de poeira na praia do cosmo! Que de deus não tinha nada, era mortal como qualquer um de vocês, e teve o mesmo destino de qualquer rico ou pobre, intelectual ou ignorante, branco ou negro: a sepultura. Alguém que conquistou uma grande parte do mundo conhecido naqueles dias, um verdadeiro guerreiro! Morreu.....Não acham isso interessante? Ou medíocre?