sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

TECNICAMENTE FALANDO...

Acho bastante interessante esse início de muitas frases ou explicações que ouvimos por aí, onde sempre tentam, de uma maneira mais rebuscada, justificar ou expor um fato ocorrido. O mais novo exemplo disso é a explicação de um jurista sobre a situação do banqueiro criminoso (ou seria um criminoso banqueiro?) Salvatore Cacciola, que, “tecnicamente falando”, não seria considerado um fugitivo da justiça brasileira. Eu também entendo um pouquinho de leis e verifico como, tecnicamente, algumas situações são interessantes. Se sua bolsa sumir de cima da mesa da lanchonete você não foi roubada e sim, furtada. Se a mãe, logo após o parto, mata propositalmente o nascituro ela não comete homicídio, mas tecnicamente cometeu o chamado infanticídio. Quando digo que alguém “faltou com a verdade”, tecnicamente estou chamando o cidadão de mentiroso, se não existe nenhuma lei que proíba algo, tecnicamente, existe a permissão para se fazer ou deixar de fazer; e por aí vai....
Como, a meu ver, tudo na vida converge para o campo espiritual, não poderia deixar de fazer as devidas comparações “técnicas” de muitas situações humanas que refletem a conduta espiritual (certa ou errada) de muitos que acreditam, pelo menos de maneira técnica, que suas crenças são corretas. Comecemos pela paternidade de Deus. “Tecnicamente” todos os homens são filhos de Deus, porém, no evangelho de João, capítulo primeiro, podemos constatar, “verdadeiramente”, que somente àqueles que aceitam Jesus como o salvador de suas vidas recebem o poder de serem chamados “filhos de Deus”. Então, verdadeiramente, todos nós somos criaturas de Deus, porém nem todos são filhos. Existe uma situação “sine qua non” para ser filho de Deus: aceitar Jesus como o único e suficiente salvador de sua vida.
“Tecnicamente falando” Jesus não precisava ser batizado, uma vez que o batismo simboliza a morte do homem para o pecado e a ressurreição para uma nova vida. Já que Cristo não tinha pecados ele não precisava de uma nova vida. Porém, “verdadeiramente” era preciso que, como Ele mesmo disse, a Lei fosse cumprida, e ninguém melhor do que Ele para dar o exemplo a ser seguido.
“Tecnicamente” o inferno é aqui...pelo menos ouvimos muitos utilizando esse ditado popular para justificar o sofrimento humano do dia-a-dia, as injustiças sociais, as doenças, a violência. Mas, “verdadeiramente”, o inferno não é aqui, se comparamos com o inferno bíblico podemos dizer que o Paraíso é aqui, já que “verdadeiramente” o inferno é um local de dor e ranger de dentes, onde a separação entre Deus e o homem trará a este último o desespero total, a agonia eterna, a queimação da alma, que nunca cessará... Em Lucas, capítulo 16, encontramos a parábola do rico e Lázaro, onde o inferno é retratado como um lugar de fogo ardente e intenso, de onde o rico suplica que Lázaro pelo menos molhe as pontas dos dedos e refresque a língua daquele homem atormentado. “Tecnicamente falando” é uma parábola...mas já notaram que é a única usada por Jesus na qual Ele cita o nome de alguma pessoas? (Lázaro e Abrahão). Para muitos estudiosos, verdadeiramente Jesus estava dizendo: “É uma metáfora, mas é assim que as coisas acontecem na prática”.
Na 2ª Epístola de Pedro, no capítulo 2, lemos que Deus não perdoou nem os anjos que pecaram (mais fortes e poderosos que os homens) ao darem ouvidos a Lúcifer, por isso Ele os lançou no inferno. Não pense o homem que a rigidez do julgamento de Deus será baseada em termos técnicos, pois, “tecnicamente” muitos acreditam que vão para o céu por serem apenas pessoas boas: não matam, não roubam, dão esmolas, são fiéis, amam os pais e até acham Jesus um cara muito legal, mas o apóstolo Paulo, na sua Epístola aos Efésios, capítulo 2, nos diz: “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras para que ninguém se glorie.” O problema é que, verdadeiramente, o inferno estará cheio de pessoas boas e bem intencionadas, o que, aos olhos humanos, será uma grande injustiça de Deus, afinal, “tecnicamente”, o inferno é feito para os assassinos, bandidos, estupradores, políticos, advogados (opa!), prostitutas e afins. Porém, o fato é que a justiça de Deus é ímpar, excede todo o nosso entendimento, pois ao olhar para um homem extremamente religioso como Nicodemos, Ele disse: “É preciso que você, mesmo com toda sua religiosidade, nasça de novo! (senão vai para o inferno)”. Mas também Ele nos surpreende quando, na cruz, ladeado por dois criminosos, ouve o seguinte pedido de um deles: “Senhor, lembre-se de mim quando entrares no Teu reino!”. Ao que Jesus prontamente respondeu: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Assim é Deus, assim é Jesus: Oferecem o céu a um criminoso arrependido, alguém que, pelo nosso julgamento, “tecnicamente” estaria destinado ao inferno...

C.S.Brito 17/07/2008

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